ATA DA VIGÉSIMA PRIMEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 26-12-2001.

 


Aos vinte e seis dias do mês de dezembro do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Ervino Besson, Fernando Záchia, João Antonio Dib, Paulo Brum e Raul Carrion, Titulares. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Estilac Xavier, Helena Bonumá e Marcelo Danéris, Titulares, e Almerindo Filho, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal e Sebastião Melo, Não-Titulares. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Décima Nona e Vigésima Reuniões Ordinárias, que foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados, pelo Vereador João Carlos Nedel, 07 Pedidos de Providências. Também, foi apregoado o Ofício nº 641/01, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando Veto Parcial ao Projeto de Lei do Legislativo nº 036/01 (Processo nº 1008/01). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 602, 607 e 608/01, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 086/01, do Senhor Luiz Antonio Timm Grassi, Presidente do Comitê Lago Guaíba. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e, por solicitação do Vereador Paulo Brum, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma à Senhora Élida Messias Ferreira, Presidenta do Lar Santo Antônio dos Excepcionais, falecida ontem. Após, foram aprovados os seguintes Requerimentos: de nº 220/01 (Processo nº 3473/01 - Moção de Repúdio às empresas que maquiaram seus produtos, lesando os consumidores), de autoria do Vereador Adeli Sell; de nº 227/01 (Processo nº 3707/01 - Moção de Apoio à proposta "Sou pela Tolerância" e Semana do Alerta Contra a Xenofobia, promovida pela Secretaria de Direitos Humanos), de autoria do Vereador Adeli Sell, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Clênia Maranhão e Raul Carrion; de nº 249/01 (Processo nº 4135/01 - Requer seja solicitada ao Senhor Raul Jungmann, Ministro da Reforma Agrária, a prestação de informações sobre a reforma agrária no Rio Grande do Sul), de autoria do Vereador Estilac Xavier; de nº 262/01 (Processo nº 4338/01 - Moção de Protesto ao pacote de medidas anti-greve editado pelo Governo Federal no dia treze de novembro do corrente), de autoria do Vereador Raul Carrion, após ser encaminhado à votação pelo Autor; de nº 269/01 (Processo nº 4474/01 - Moção de Repúdio às agressões sofridas por fiscais da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio - SMIC - e por soldados da Brigada Militar, praticadas por camelôs durante confronto no Centro da Cidade), de autoria do Vereador Adeli Sell, após ser encaminhado à votação pelo Vereador João Antonio Dib; de nº 270/01 (Processo nº 4485/01 - Moção de Repúdio ao Senhor Presidente da República, por declarações relativas aos professores universitários), de autoria do Vereador Aldacir Oliboni; de nº 271/01 (Processo nº 4486/01 - Moção de Apoio à indicação da Desembargadora Maria Berenice Dias para receber o Diploma Mulher Cidadã Berta Lutz, a ser outorgado pelo Senado Federal), de autoria da Vereadora Clênia Maranhão, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Clênia Maranhão e Raul Carrion; de nº 273/01 (Processo nº 4495/01 - Moção de Solidariedade ao Coronel Carlos Fontoura Rodrigues, por impedir que um manifestante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST substituísse a bandeira nacional pela flâmula desse Movimento, em frente à agência do Banco do Brasil de Livramento - RS), de autoria do Vereador João Carlos Nedel, por seis votos SIM e cinco votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Antonio Dib, Estilac Xavier, Elói Guimarães, João Carlos Nedel, Ervino Besson e Raul Carrion, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Carlos Nedel, tendo votado Sim os Vereadores Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Ervino Besson, João Antonio Dib e Paulo Brum e Não os Vereadores Aldacir Oliboni, Estilac Xavier, Helena Bonumá, Marcelo Danéris, este com Declaração de Voto, e Raul Carrion. Em Votação, esteve o Requerimento nº 278/01 (Processo nº 4536/01 - Moção de Solidariedade ao jornalista Políbio Braga, pela sua incessante luta pela democracia e pela liberdade, bem como apoio moral na sua defesa em processo que lhe está sendo movido injustamente, e contra a liberdade de imprensa, por quatro diretores do Banco do Estado do Rio Grande do Sul - BANRISUL), de autoria do Vereador Sebastião Melo, o qual obteve dois votos SIM e quatro votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Sebastião Melo, Elói Guimarães, Helena Bonumá e João Antonio Dib, em votação nominal solicitada pelo Vereador Sebastião Melo, tendo votado Sim os Vereadores Ervino Besson e João Antonio Dib e Não os Vereadores Aldacir Oliboni, Estilac Xavier, Marcelo Danéris e Raul Carrion, votação esta declarada nula pela Senhora Presidenta, face à inexistência de quórum deliberativo. Na ocasião, o Vereador Sebastião Melo manifestou-se sobre o quórum da presente Reunião. Às onze horas e trinta e três minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia, Helena Bonumá, Paulo Brum e Ervino Besson e secretariados pelos Vereadores Helena Bonumá, Paulo Brum e Ervino Besson. Do que eu, Helena Bonumá, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. PAULO BRUM (Requerimento): Sr. Presidente, eu requeiro a V. Ex.ª um minuto de silêncio pelo falecimento de nossa querida amiga - como bem frisa a Zero Hora - madrinha das pessoas portadoras de deficiência, que é a Dona Élida Messias Ferreira, Presidenta do Lar Santo Antônio dos Excepcionais.

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): De pronto, Ver. Paulo Brum. Esta Casa, irmanada no luto pelo falecimento da nossa amiga Élida Messias Ferreira, fará um minuto de silêncio, conforme solicitação de V. Ex.ª.

 

(É feito um minuto de silêncio.)

 

Em votação o Requerimento nº 220/01, de autoria do Ver. Adeli Sell. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com as abstenções do Ver. João Antonio Dib, do Ver. Paulo Brum e do Ver. Ervino Besson.

Em votação Requerimento nº 227/01, de autoria do Ver. Adeli Sell. A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para encaminhar.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu me inscrevi para encaminhar a Moção, proposta pelo Ver. Adeli Sell, que apoia a iniciativa do Ministério da Justiça pelo lançamento da campanha “Sou pela Tolerância” e a instalação da Semana do Alerta contra a Xenofobia, proposta pela Secretaria de Direitos Humanos daquele Ministério. Fiz questão de encaminhar o Requerimento do Ver. Adeli Sell, porque tenho acompanhado as iniciativas tomadas pelo Ministério da Justiça, no que diz respeito à luta pela tolerância, pelo respeito à diversidade, e as iniciativas que têm sido tomadas, quer seja dentro do País, ou nas conferências internacionais, como aconteceu, ainda este ano, a Conferência de Durban, nas quais o Governo brasileiro tem expressado, oficialmente, a composição étnica brasileira e colocado a sua política no sentido de que as pessoas possam, por intermédio das suas diversas instituições, travar a sua luta, a divulgação por uma sociedade de paz, por uma sociedade de respeito à diferença. No caso brasileiro, isso tem um significado muito especial, porque o Brasil é um País continental, um País que conseguiu, ao longo da sua história e mesmo no processo de colonização européia, manter a unidade lingüística e manter a convivência pacífica entre os diversos segmentos, as diversas etnias que formaram este País.

Eu acredito que essa iniciativa também tem um significa emblemático que pode influenciar outras nações no momento em que todos os estudos apontam que os conflitos étnicos e os conflitos ideológicos e religiosos deste século são os conflitos que têm promovido as maiores ondas de violência e de enfrentamento entre os povos. Se, por um lado, o Brasil, com a sua desigualdade econômica, com as suas dificuldades, com a sua realidade de extrema exclusão social, não é um bom exemplo para outros países, quando nós tratamos da questão das relações democráticas entre os grupos sociais, quando nós nos referimos à questão da tolerância religiosa, quando nós nos referimos à capacidade de convivência entre as diversas etnias, entre as diversas origens deste País, o Brasil tem sido, sim, um exemplo que pode inspirar outras nações.

Acredito que a Semana “Sou pela Tolerância” originou-se logo após os trágicos episódios do 11 de setembro, mas, quando nós acompanhamos, ainda neste momento, todos os conflitos que se arrastam por vários locais de todos os continentes - hoje o continente latino-americano vive realidades de conflitos armados - e quando a própria Organização das Nações Unidas aponta que, no mundo, hoje, existem trinta e seis áreas de conflitos bélicos, e que esses conflitos se dão baseados no ódio entre os povos, na xenofobia, na intolerância, no preconceito e na discriminação, o lançamento de uma campanha que ressalta a luta contra a xenofobia tem um significado muito importante.

Neste momento em que a humanidade, por meio de entidades não-governamentais, de entidades religiosas, de pessoas que militam pelas causas dos direitos sociais, dos direitos humanos, eu acredito que a Câmara Municipal de Porto Alegre, propondo uma moção de apoio a esta campanha, pode incentivar outras Câmaras a debaterem a importância da luta pela tolerância na sociedade brasileira, contribuindo, assim, para que as relações entre os diversos grupos nacionais e os diversos grupos dentro de nossos países sejam de respeito às diferenças, de garantia da tolerância e de incentivo a uma cultura de paz. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 227/01.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, todos os que nos assistem aqui e nas suas casas. Vamos fazer um encaminhamento breve em nome da Bancada do PC do B, favorável a esta Moção.

Nós estamos observando em todo o mundo, nos dias de hoje, uma grande onda xenófoba, que tem a sua origem, a sua raiz nos Estados Unidos. Não podemos debitar isso somente aos acontecimentos de 11 de setembro. Aqueles que estudam as tendências do mundo intelectual norte-americano devem conhecer a obra de Samuel Huntington, intitulada Choque de Civilizações, em que este ideólogo do imperialismo norte-americano- diante da queda do Muro de Berlim e da crise do socialismo soviético, - argumenta que hoje a luta do mundo não é mais entre leste e oeste; que hoje a luta do mundo é entre o norte e o sul: o norte rico, opulento, civilizado - entre aspas, segundo eles -, e o sul, formado por nós - os latinos, os africanos, os asiáticos -, que poríamos em risco o modo de vida norte-americano, a "civilização" norte-americana; e que é preciso, então, que o norte rico se oponha e restrinja o sul pobre, negro, escuro, amarelo e perigoso.

Uma outra questão interessante é notar, também, que o imperialismo necessita historicamente de inimigos; e, se ele não os tem, ele os cria; está aí a raiz do ressurgimento desse xenofobismo nos Estados Unidos, onde os árabes são, neste momento, considerados criminosos natos. Hoje, todos os direitos humanos nos Estados Unidos estão sendo revisados; projetos foram apresentados ao Congresso, Ver. João Antonio Dib, criando inclusive o direito à tortura dos suspeitos, desde que - dizem eles, hipocritamente - essa tortura não se realize em território norte-americano. Se os suspeitos foram levados para Porto Rico, para o México, para a América Central e ali torturados, as confissões arrancadas sob torturas são aceitáveis nos tribunais da "civilização" norte-americana. Da mesma forma, a prisão de estrangeiros, sem qualquer culpa formada, sem qualquer denúncia comprovada é permitida. A correspondência pode ser violada, os telefones podem ser violados! Tudo isso, em nome do "combate ao terrorismo", pela grande nação "civilizada" do norte, que vem massacrando os povos do mundo há tantos anos! Tudo é permitido.

Então, creio que em boa hora surge esta Moção, no sentido de que seja feito em nosso País - um país de tantas raças e culturas, onde, é certo, existe o racismo, mas de uma forma muito mais mitigada, se compararmos com outros países - esta campanha “Sou pela Tolerância”, para evitar que o "modismo" decrépito, conservador, retrógrado da civilização norte-americana venha a ter influência em nosso País.

Portanto, o apoio do PC do B a esta Moção, no sentido de que enfrentemos essa grande campanha, hoje contra os árabes, amanhã contra os latinos, depois de amanhã contra os negros, os amarelos, os índios e todos aqueles que não têm a pele "branquela" do império do norte, pátria do neoracismo ariano. Este é o encaminhamento do PC do B. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o Requerimento nº 227/01, de autoria do Ver. Adeli Sell. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação o Requerimento nº 249/01, de autoria do Ver. Estilac Xavier. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação o Requerimento nº 262/01. O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar, como um dos autores do Requerimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras. Queremos registrar a importância desta Moção que se rebela contra a atitude do Presidente da República que, através de mais uma medida provisória - e creio que já alcançamos mais de sete mil medidas provisórias, deste Governo que nunca editou medidas provisórias para tantas coisas urgentes, necessárias neste País - tentou inviabilizar a justa greve dos funcionários federais e, fundamentalmente, dos servidores das universidades federais. Greve tão justa que o próprio governo acabou cedendo, depois de três meses de intransigência, depois de prejudicar durante noventa dias alunos e professores, causar transtornos para o vestibular, causar transtornos para os estudos de tantas pessoas que neste final de ano estariam colando grau. Tão justa era a greve que acabaram cedendo e, em parte, atendendo às reivindicações, depois de sete anos sem qualquer reajuste salarial.

Pois bem, numa tentativa de esmagar esse movimento, esse Governo em fim de mandato, que vem massacrando o povo brasileiro e entregando o País, editou uma medida provisória autorizando a substituição dos grevistas, permitindo a suspensão do pagamento de salários - o que o Supremo Tribunal não aceitou - e, inclusive, determinando que a liberação dos recursos para o pagamento dos professores e demais funcionários fosse feita diretamente pelo Presidente da República. Por que isso, perguntarão vocês? Porque, na medida em que a liberação do pagamento de um simples professor, de um simples funcionário passou a depender de decisão do Presidente da República, qualquer suspensão no pagamento só poderia ser contestada no Supremo Tribunal Federal. Foi um mecanismo para impedir que os funcionários públicos solicitassem à Juízes de instâncias inferiores a liberação do seu pagamento.

Editar uma medida provisória - que é um instrumento para situações de emergência nacional -, para castigar, perseguir e criar dificuldades para os funcionários públicos, é uma verdadeira vergonha nacional!

Por isso esperamos, evidentemente, o apoio de toda esta Casa, para a aprovação desta Moção por unanimidade, que é não só um repúdio a esta medida provisória, mas é também uma solidariedade aos nossos sofridos professores universitários, aos nossos sofridos funcionários públicos; e sei muito bem que o Ver. João Antonio Dib, que é funcionário público municipal, dará essa solidariedade. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o Requerimento nº 262/01. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com a abstenção dos Vereadores Paulo Brum e João Antonio Dib.

 Em votação o Requerimento nº 269/01, de autoria do Ver. Adeli Sell. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, é claro, absolutamente claro, que a criatura humana sensata sempre é contra a agressão. O Ver. Adeli Sell deve estar emocionado, pois vai aprovar a sua terceira moção. Não acho que a moção seja o instrumento que esta Casa tem para resolver os problemas da Pátria e muito menos os da Cidade, mas ela permite, de repente, que se faça uma análise das razões da moção. Aí penso em afrontamento e enfrentamento; e o que estamos vivendo na Cidade é responsabilidade pura dessas quatro últimas administrações da Cidade. Não é outra coisa! A autoridade é afrontada pelos camelôs que determinam o que vai acontecer no comércio da Cidade, porque permitiram que crescessem e estimularam o crescimento. Então, é preciso que se faça a análise: tudo contra a agressão. Mas a repressão é necessária; o ordenamento, na Cidade, é indispensável; a lei tem de ser respeitada; e o que faz a Prefeitura? Estimula, colocando mais camelôs na rua. Faz acordo com os comerciantes na Rua Otávio Rocha, recebe o dinheiro e não tira os camelôs, os ambulantes da área. Os camelôs e os ambulantes sabendo que a autoridade estimula, a autoridade enfraquece, desaparece a autoridade.

Isso acontece, e acontece com o lixo nesta Cidade. O Código de Limpeza Urbana é claro, preciso e conciso: a coleta do lixo cabe à Prefeitura. Ela pode contratar uma empresa, mas a destinação final do lixo é exclusiva da Prefeitura. Será que a Prefeitura sabe onde as milhares de carroças, que coletam lixo, levam esse lixo? Então, nós vemos um Prefeito, que antecede ao atual, fazer propaganda: “as carroças em Porto Alegre resolveram o problema do lixo seletivo”. As carroças! Isso não é o que está escrito na lei. Então, quando nós não respeitamos a lei, acontece as agressões que o Ver. Adeli Sell, emocionadamente, quer repudiar.

Eu tenho visto às 17h, às 18h, às 19h, na Rua Annes Dias, onde antes havia uma placa de parada proibida, trocaram para estacionamento proibido, três carroças coletando o lixo. Há, então, um somatório de infrações. Agora melhorou, na semana passada não eram mais três carroças, eram duas carroças e um caminhão.

Então, a administração prefeitoral estimula e perde a autoridade. Se a Administração perde a autoridade, é afrontada, e afrontada, acontecem as agressões, porque ela perdeu a força e não tem mais autoridade moral, não pode mais dizer nada, tem de se submeter o que, vergonhosamente, aconteceu neste Natal, quando os camelôs e ambulantes ditaram para a Prefeitura e para a SMIC o que haveria de ser feito nesta Cidade.

Então, não adianta moção. Mas é importante que se analise as razões do que está acontecendo nesta Cidade, pois nunca teve tanto camelô quanto tem hoje, nunca teve tanta carroça quanto tem hoje. É a única Cidade do mundo em que o número de carroças cresce. Nós somos retrógrados e hoje os camelôs e companhia estão dizendo que não aceitam os prédios que a Prefeitura escolheu para localizá-los. Mas não adianta nada, eles já escolheram o prédio, eles já sabem o que eles querem. Provavelmente um bom lugar seria o Paço Municipal, porque a autoridade está perdida. Saúde e paz! Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o Requerimento nº 269/01. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com a abstenção do Ver. João Antonio Dib.

Em votação o Requerimento nº 270/01, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com o voto contra do Ver. João Antonio Dib e do Ver. Paulo Brum.

Em votação o Requerimento nº 271/01, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão. A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para encaminhar.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Requerimento de minha autoria propõe a esta Casa uma Moção de Apoio à indicação da Desembargadora Maria Berenice Dias para receber o Diploma Mulher Cidadã Berta Lutz, que será outorgado pelo Senado Federal no dia 8 de março, que é o Dia Internacional da Mulher. Esse diploma, esse reconhecimento, é um reconhecimento apresentado ao Senado pela Senadora gaúcha, Emília Fernandes, e se coloca dentro de uma série de iniciativas que as parlamentares brasileiras têm encaminhado no sentido de dar maior visibilidade ao trabalho que as mulheres têm desenvolvido nas diversas esferas do mundo público.

Nós sabemos que a representação feminina, em lugares de destaque, quer seja no Judiciário, no Executivo, ou no próprio Legislativo, constitui-se em uma pequena representação, apesar dos avanços que nós mulheres tivemos, fundamentalmente, nas três últimas décadas do século XX. Porém, ainda consideramos que a representação está aquém do trabalho desenvolvido pelas mulheres nessas diversas instâncias de poder.

Esta premiação se constitui como uma das iniciativas afirmativas para o empoderecimento feminino, para a representação das mulheres nas instâncias de poder. Em se tratando da Desembargadora Maria Berenice Dias, ela tem um significado muito grande para este Estado, pelo caráter pioneiro que desenvolveu a Desembargadora, não apenas dentro do Poder Judiciário, mas se colocando como elo entre a sociedade civil organizada, fundamentalmente, entre o movimento de mulheres e o Poder Judiciário.

Recentemente, com a ação muito significativa para a manutenção de uma conquista que teve neste País o movimento de mulheres, que foi a conquista de categorizar o crime de estupro como crime inafiançável.

Evidentemente, outras mulheres neste País serão contempladas com esse prêmio. Porém, a reafirmação da Câmara Municipal de Porto Alegre à indicação da Desembargadora Maria Berenice Dias, para o recebimento do Prêmio Berta Lutz, no Senado Brasileiro, tem um significado, inclusive de mostrar ao conjunto do País uma sintonia do Parlamento da Capital do Estado com as diversas iniciativas da sociedade brasileira que trabalha o resgate da contribuição feminina às instâncias do Poder Público. Ela também poderá significar para a sociedade uma compreensão que nós, do Parlamento porto-alegrense, temos de que nenhuma democracia se constitui, no mundo moderno, sem a efetiva participação e o efetivo reconhecimento das mulheres nesse processo de democratização das instituições. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 271/01.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, parece-me que acabamos de obter uma grande vitória, no Superior Tribunal Federal, dentro dessa luta das mulheres, tendo como pioneira a Desembargadora Maria Berenice Dias. Acaba de ser noticiada uma modificação na interpretação que o STF havia dado, no sentido de que o estupro sem morte ou sem grave atentado à integridade física da mulher estuprada não era crime hediondo. Por intermédio de uma ampla mobilização liderada pela Desembargadora Maria Berenice Dias, essa jurisprudência foi modificada e todo e qualquer tipo de estupro passou a ser novamente considerado um crime hediondo. Temos que reconhecer que a Dr.ª Maria Berenice Dias teve um papel decisivo nessa vitória, assim como o movimento feminista, as mobilizações e todos os que saíram às ruas.

Bem merecida e justa a Moção da Ver.ª Clênia Maranhão. O PC do B encaminha favoravelmente. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação o Requerimento nº 271/01, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Em votação o Requerimento nº 273/01. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com alguma tristeza que eu encaminho a Moção de Solidariedade proposta pelo Ver. João Carlos Nedel ao Cel. Carlos Fontoura Rodrigues, pela atitude corajosa que teve ao determinar, ao impor a sua vontade de patriota, que a Bandeira brasileira fosse respeitada e não fosse substituída pela bandeira do Movimento dos Sem-Terra. O respeito e o amor à Bandeira deveriam estar no coração de cada um de nós, porque não há outra expressão maior para o nosso coração do que a Bandeira brasileira tremulando. É a expressão de patriotismo, a expressão de amor à terra, de amor aos nossos compatriotas, de amor a nossa sociedade. Em que tempo nós chegamos, em que alguém, estimulado pelo próprio Governo, que deu o exemplo, está tentando substituir a Bandeira da Pátria pela bandeira do Movimento dos Sem-Terra? É por isso que eu disse que é com tristeza que eu voto uma Moção de Solidariedade. Mas é claro que o Coronel merece toda a nossa solidariedade, porque ainda existem indivíduos na nossa sociedade que são capazes de colocar a Bandeira de Cuba ao lado da Bandeira do Brasil, que são capazes de colocar a Bandeira do Movimento Sem Terra no seu gabinete, ao invés de colocar a Bandeira do Brasil em destaque.

Voto favoravelmente, sim, mas com a tristeza de ver que é necessário dar solidariedade a quem honra a sua Pátria, a quem honra o seu passado e a quem faz da sua Bandeira o símbolo maior do seu País. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 273/01.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Senhores Vereadores, não fora o objetivo explícito de ataque ao Movimento Sem Terra que, aliás, é um Movimento legítimo, a nossa Bancada não teria o menor problema de votar uma Moção de Apoio a atitudes que correspondam à defesa da nossa Pátria. Foi explorado pela imprensa o ato que o Coronel Carlos Fontoura Rodrigues teria impedido a retirada da Bandeira Nacional, na frente de uma agência do Banco do Brasil, que seria substituída, segundo a versão posta na imprensa, por uma bandeira do MST, e aqui vem o Ver. João Carlos Nedel, que não está no Plenário - não sei se é condizente apreciar a matéria sem a presença do autor -, fazer, prontamente, a proposta. Qual é o viés da proposta do Ver. João Carlos Nedel, Ver. João Antonio Dib? Eu nunca vi o Ver. João Carlos Nedel ou pelo menos não tenho a lembrança e registro de que ele tenha vindo a esta tribuna falar sobre o assunto ou que tenha feito uma Moção a respeito de questões de alto interesse patriótico, e eu cito alguns: há pouco tempo, aqui, nos referimos, Ver. Raul Carrion, a tragédia que foi para o País a venda do setor de energia elétrica, privatizado, e eu penso que, aí, tem um interesse patriótico, um interesse nacional. No entanto, o Ver. João Carlos Nedel não propôs nada contra e nem a favor, silenciou.

Quando se trata das reservas nacionais, tipo Centro de Lançamento de Alcântara, ou quando se trata do Projeto SIVAM, que controla o espaço aéreo e o trânsito da Amazônia, quando se trata da questão da privatização da água, do famigerado Projeto 4147 que, graças a esta Casa e ao conjunto da população brasileira, não entrou em votação no Congresso, não se viu nenhuma manifestação ou uma Moção de Solidariedade às atitudes patrióticas.

A Bandeira Nacional é um símbolo, sim, e deve estar acima de todos e deve unir todos. Agora, não impede, por exemplo, quando o Movimento Sem Terra, ao tentar se proteger de agressões indevidas, colocando na frente do seu movimento a própria bandeira, isso nunca impediu que o gás lacrimogêneo ou os cães, ou os ataques dos cacetetes não se tornassem num ato de desafio e de agravo à Bandeira Nacional.

Portanto, é o tipo da proposição, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que tem um objetivo só, não é patriótico, não é da defesa da Bandeira Nacional, na verdade, trata-se, explicitamente, de um ataque ao Movimento. Aliás, como todos os movimentos. Se há alguma coisa que é pacífico entre nós, é que aqueles que defendem a ordem estabelecida, seja ela econômica, ideológica, cultural e social, sempre arranja uma forma de manter aqueles que, de forma legítima, se movimentam, porque todos sabem que a lei é alterada pelo movimento social, ela é alterada pelo fato social e o fato social se adianta a própria lei e a lei, depois, se altera, para cumpri-la.

E, aqui, não se trata de agravo à Bandeira Nacional, mas, sim, de uma atitude que é nitidamente ideológica e contra um movimento legítimo que requer a Reforma Agrária. Aliás, débito que nós temos, neste País, há anos, há séculos, porque a terra não foi distribuída. Todos sabem que a terra distribuída nos países como nos Estados Unidos, na Europa, produziram as propriedade pequenas que são de alta produção. Como é o caso da alta produção que é feita pela pequena e média propriedade, aqui no Rio Grande do Sul, notadamente na metade norte do Estado.

Portanto, mais do que aqui se traz, Ver. João Dib, a intenção do Ver. João Carlos Nedel de querer defender a Bandeira Nacional - o que, aliás, faríamos todos, e o fazemos diariamente - a partir do ponto de vista e da nossa ótica... Porque quando nós vimos aqui sustentar contra as privatizações, quando nós vimos aqui sustentar contra a questão da água, quando nós vimos aqui falar da dívida externa, quando nós vimos falar da necessidade da produção agrícola para alimentar o Brasil, nós estamos falando, sim, de atitudes patrióticas, porque o símbolo do povo na Bandeira também está representado no povo vivo, que trabalha e que hoje consiste em cinqüenta e três milhões de pessoas que passam fome e que não conseguem as calorias necessárias para sobreviver. Portanto, esta Moção não é em defesa, Sr. Presidente, da Bandeira Nacional, como todos devemos fazê-la, mas é, explicitamente, um ato contra o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra. Agradeço a todos pela atenção. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 273/01.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queremo-nos somar à iniciativa do Ver. João Carlos Nedel, quando homenageia o Coronel Carlos Fontoura Rodrigues, por haver tido uma atitude extremamente corajosa, impedindo, vejam bem, que um bando de marginais tirassem a Bandeira do Brasil hasteada na frente do Banco do Brasil e ali se colocasse a Bandeira do MST. Então nós temos que discutir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a questão da reforma agrária, temos que discutir, porque, quanto ao MST - leiam o suplemento que está nos jornais -, vejam a maneira como se transformou esse Movimento no Rio Grande do Sul. Nós não podemos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fechar os olhos para este bando de marginais; não se trata de reforma agrária, mas sim, de um bando que está avançando, assaltando propriedades rurais no Rio Grande do Sul. Verdadeiros assaltos, com agressões, com cárceres privados, com toda ordem de ações contra as propriedades produtivas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores! Propriedades produtivas! Isso não tem nada a ver com reforma agrária, isso é revolução agrária. Revolução agrária! É diferente! Nós queremos uma reforma agrária, nós queremos um tratamento compatível para aqueles que, efetivamente, têm vocação para o campo, sim. Isso é uma coisa. Agora, o que acontece, o que está acontecendo no Rio Grande do Sul é um absurdo, só o desgoverno atual consente o que está acontecendo no Rio Grande do Sul em matéria de invasões de terra. Deixou de ser, Ver. João Antonio Dib, um movimento na busca do entendimento, da compreensão, da distribuição de terra para ser um movimento de violência, comprometendo, veja bem, uma das grandes indústrias que possui o Rio Grande do Sul que é a nossa a produção primária, que ainda resiste, apesar de todos os pesares.

Então, a nossa saudação ao Coronel. Não poderia ter sido S.S.ª mais eficiente no momento em que impediu que um bando de marginais, vejam bem o topete, a arrogância e a audácia, tirassem a Bandeira do Brasil da frente do Banco do Brasil! Afinal de contas, o Banco do Brasil é uma instituição que nós defendemos! Pois foram ali e tentaram baixar a Bandeira e o Coronel não teve outra atitude - aliás, de muita coragem - senão impedi-los, o que fez bem e tem claramente a nossa solidariedade. Por isso estou aqui, na tribuna, para cumprimentar o Ver. João Carlos Nedel por esta Moção em favor daqueles que, efetivamente, defendem os interesses nacionais, porque não permitir que, violentamente, se retire a Bandeira Nacional, do seu mastro, na frente do Banco do Brasil, é uma atitude patriótica, é uma atitude de defesa dos interesses nacionais.

Então fica aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este meu registro, nós já tínhamos falado sobre esse assunto que se refere às ações que o MST tem feito por esse interior. Vejam o que aconteceu na propriedade de um ex-Secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Dr. João Jardim, o que fizeram na propriedade daquele homem! Leiam as matérias sobre o assunto para ver no que se transformou o MST senão num bando nas estradas agredindo mulheres, homens que estão produzindo para o interesse do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 273/01, como autor. Só lembrando a V. Ex.ª que, quando suplente, pode se manifestar, porém não tem direito a voto.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu tinha certeza de que esta Moção seria aprovada por unanimidade na Casa, pois não acredito que exista algum Vereador que possa ser contra o maior símbolo da nossa Pátria que é a nossa Bandeira. Proteger a nossa Bandeira é um dever, uma obrigação da cada brasileiro. Não é possível, é inacreditável que alguém não proteja a nossa Bandeira! Por isso requeri a esta Casa uma Moção de Solidariedade ao Cel. Carlos Fontoura Rodrigues que defendeu a nossa Bandeira que ia ser retirada do mastro do prédio do Banco do Brasil em Sant’Ana do Livramento por membros do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra. Eu não encaminhei contra os Sem-Terra, não. Encaminhei em favor da Bandeira, em favor da defesa da nossa Bandeira, o nosso símbolo maior. Se eu encaminhasse contrariamente ao MST, eu encaminharia uma Moção de Repúdio ao MST. Não, não fui pelo lado do repúdio, e até mereceria repúdio uma atitude antipatriótica como essa de retirar a nossa Bandeira e colocar uma flâmula do Movimento que nem legalizado é, que inexiste juridicamente. Eu tenho certeza de que a Bancada do Partido dos Trabalhadores, a Bancada do Partido Comunista do Brasil, ambos Partidos legalizados e democráticos, vão defender também a Bandeira Nacional.

Leio a exposição de motivos: “Felizmente para o Brasil ainda há homens como o Coronel Carlos Fontoura Rodrigues, que, apesar da idade avançada, revelando o seu apego a um valor maior, que é o amor à Pátria, não exitou, em peito aberto, munido apenas de sua convicção e de seu caráter, enfrentar o descontrole e a agressividade de maus brasileiros que, postulando um eventual direito, põem em evidencia o seu extremismo e seu desapego ao próprio País em que nasceram”.

Essa proposta é de solidariedade a um Coronel da Reserva pelo seu ato corajoso, ocasião em que defendeu a nossa Bandeira. Eu estranho muito a posição radical do Ver. Estilac Xavier, não estou agredindo o SMT, se fizesse, repito, faria uma Moção de Repúdio a um ato deselegante dos membros desse Movimento. Mas não, eu quero defender quem defende a nossa Bandeira, o nosso País precisa de mais civismo, é o que falta ao nosso País. Nós não podemos relegar a um segundo plano a defesa da nossa Bandeira.

Tristemente, vimos, no Rio Grande do Sul, que a nossa Bandeira, efetivamente, não tem sido defendida, porque, às vezes, são colocadas em palácios outras bandeiras que não a da nossa Pátria. Há, em Palácio Oficial de Governo do Estado uma bandeira que não é da nossa Pátria. Eu fico muito triste com isso e peço aos Srs. Vereadores que reflitam e que defendam a nossa Bandeira, e peço à Bancada do Partido dos Trabalhadores que reveja a sua posição e também defenda a nossa Bandeira e o patriotismo nacional. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 273/01, pelo PDT.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ª Vereadora, pessoas que nos assistem nas galerias e também por intermédio da TV Câmara, o Ver. João Carlos Nedel apresentou Requerimento de Moção de Solidariedade ao Cel. Carlos Fontoura Rodrigues, “pela atitude corajosa e patriótica adotada no dia 27”. Nós, que somos patriotas, amamos a nossa Pátria e, amando a nossa Pátria, nós amamos esta Bandeira que está aí. E o Coronel, com uma atitude de patriota, foi lá defender a Pátria, esta Pátria que nós amamos e juramos defender, como nós aqui, meus queridos colegas Vereadores, quando assumimos o mandato, legitimamente outorgado o direito de exercer e defender o povo da nossa Cidade. E nós juramos defender, Ver. Estilac Xavier, como V. Ex.ª também defende com tanta galhardia o mandato que foi aqui legitimamente concedido pelo povo de nossa Cidade.

Portanto, o Coronel teve uma atitude de patriota, digna, Ver. Elói Guimarães, de ser laureada, não só pelo Brasil, mas pelo mundo inteiro, porque qualquer pátria defende a sua bandeira. E a atitude do Coronel foi uma atitude de orgulho em defesa da nossa Pátria. Nem foi por isso que ele, com essa atitude, foi contra, talvez, ao movimento que era exercido naquele momento por um grupo de pessoas. Mas ele foi lá defender aquele local na frente da agência do Banco do Brasil, para que fosse respeitada a Bandeira Nacional, o símbolo nacional. E por que esse Cidadão, naquele momento, ele não tentou colocar a bandeira do seu movimento, do MST, em outro local, por que ele escolheu aquele local, onde estava a Bandeira Nacional?

Portanto, nós queremos aqui saudar essa Moção, Ver.ª Helena Bonumá, do Ver. João Carlos Nedel, e nós entendemos que essa atitude do Vereador não foi contra o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, e sim contra a atitude adotada por um cidadão, quer dizer, foi uma atitude isolada, não foi aquilo que talvez o Movimento pensasse, porque um Movimento é para lutar em defesa dos seus interesses, jamais poderá ir contra a Bandeira Nacional. Se há um movimento legítimo, em que os nossos governos podem se espelhar este é o movimento da reforma agrária, que foi feito pelo grande líder nacional Leonel de Moura Brizola.

Sr. Presidente, solicito a V. Ex.ª o tempo de Líder do meu partido, o PDT.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Não é possível tempo de Líder na Ordem do Dia, nobre Vereador.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, então encerro o meu pronunciamento.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 273/01.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras e todos os que nos assistem aqui e nas suas casas. A votação desta Moção nos oportuniza debater um assunto extremamente importante, e muito grato ao Partido Comunista do Brasil, que é a defesa da Nação, defesa da soberania nacional. E neste terreno os comunistas já deram a vida, foram presos, torturados, exilados por levantarem bem alto a bandeira da defesa nacional, a luta contra a dominação imperialista deste País. Creio que a discussão deve ir além da discussão da nossa Bandeira. Claro que os comunistas, quando defendem a soberania nacional, honram o pavilhão nacional. Mas, os comunistas não ficam na aparência, na hipocrisia de defender a Bandeira Nacional, enquanto entregam o País, enquanto permitem que o FMI seja quem mande neste País, enquanto o governo federal quer trocar o nome da PETROBRAS para PETROBRAX, porque fica mais sonoro para a língua anglo-saxônica do Império do Norte! O PC do B quer defender o patrimônio da Nação, o mercado nacional. Onde estavam os que hoje alegam defender o pavilhão nacional, quando a Vale do Rio Doce estava sendo entregue, Ver. Ervino Besson? Quando estavam sendo entregues as nossas petroquímicas, Ver. João Antonio Dib? Quando estavam sendo entregues as siderúrgicas deste País? Quando as próprias ferrovias foram entregues? Esses falsos adoradores da Bandeira Nacional não interessam ao povo brasileiro! Onde estavam eles, quando se entregava o sistema bancário, quando entregavam as telecomunicações - em negociatas até hoje não explicadas, sustentadas pelos partidos da base governista -, entregando nossa tecnologia nacional? Ou quando entregaram nossas águas ou a Base de Alcântara, parte do território nacional? É uma piada virem aqui pousar de defensores da Bandeira Nacional os responsáveis pelo maior entreguismo a que esta Nação já assistiu até hoje, que foi a implementação do projeto neoliberal.

Nós, que junto com o MST, em nossas caminhadas pelo Brasil afora levantamos a bandeira da soberania nacional, da defesa do Brasil, que sempre marchamos com a Bandeira do Brasil adiante, - como em todas as manifestações do MST que vi, - agora somos acusados de não defender a Nação Brasileira. O que está em jogo, realmente - e disse bem o Ver. Estilac Xavier - não é um episódio onde, na verdade, ninguém tentou tirar a Bandeira Nacional; simplesmente tentaram colocar junto a bandeira do MST. Pode até ter havido algum erro de hierarquia, pois a bandeira do MST não pode estar na mesma altura da Bandeira Nacional; mas alguém sabe a que altura estaria a bandeira do MST?

O que está em jogo não é isso, meus amigos; isso é o perfunctório, é o secundário, é o acessório. O que está em discussão é se o MST está do lado dos que defendem, de fato, a soberania nacional ou não? Se os que hoje dizem defender essa bandeira não acobertaram, não foram cúmplices do entreguismo durante todos esses anos? Ou do entreguismo da ALCA, nos dias de hoje que vai transformar o Brasil numa colônia?

Então, meus amigos e amigas, a posição do PC do B é de defesa da soberania nacional, de defesa da Bandeira Nacional, mas é também de defesa da reforma agrária, da CLT, que está sendo pisoteada, e de defesa da Nação, mais ainda, do que da Bandeira Nacional.

Por isso, entendemos que a Moção do Ver. João Carlos Nedel - e talvez sua intenção fosse muito boa - tem outro conteúdo: o conteúdo de fazer, hipocritamente, a defesa do pavilhão Nacional e atacar quem, de fato, defende a soberania Nacional. Por isso, votaremos contra. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Em votação, nominal, solicitada pelo Ver. Marcelo Danéris, o Requerimento nº 273/01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel. (Pausa.)

 

(O Ver. Fernando Záchia assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): (Após a chamada.) APROVADO por 06 votos SIM e 05 votos NÃO.

O Ver. Marcelo Danéris entrega à Mesa uma Declaração de Voto referente ao Requerimento nº 273/01.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: (Lê.) "Voto contra, porque o MST é um movimento patriótico de defesa do solo brasileiro, da soberania nacional, dos direitos dos cidadão brasileiro. Também porque a bandeira brasileira está sempre presente nos seus acampamentos e marchas por todo o Brasil."

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o Requerimento nº 278/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo.  O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, peticionei à Mesa esse Requerimento para que esta Casa possa fazer um voto de solidariedade ao Jornalista Políbio Braga, figura combativa, economista, homem de posições firmes. O nosso Rio Grande do Sul tem uma história de luta pelos direitos humanos, na defesa da democracia, na defesa do contraditório. Nós, infelizmente, temos visto um Governo de Estado que tem um discurso de afirmação popular, de afirmação da democracia. Pois esse Governo vem perseguindo os jornalistas. Eu diria que isso é muito triste, porque, na verdade, temos uma página negra no nosso País de vinte e cinco anos de ditadura, em que se cassou, se prendeu, se matou, se calou a voz de muitos jornalistas nesse Brasil afora, mas eu não podia imaginar setores de um governo democrático, eleito pela vontade popular, perseguindo jornalistas.

Pontualmente: Ver. Elói Guimarães, o Sr. Políbio Braga está sendo processado pelos Diretores do BANRISUL justamente por ter, ao longo do seu programa de rádio e na sua coluna no jornal, feito críticas à gestão do BANRISUL, gestão essa que já demitiu trezentos e noventa e dois funcionários nesses dois anos de governo. De forma democrática, usando o direito do contraditório, o Jornalista Políbio Braga posicionou-se sobre essa matéria e bastou fazer isso para sofrer a represália do Governo dito da Frente Popular. Esta Casa já votou, ao longo da sua história e neste ano, algumas dezenas de moções de apoio, de solidariedade a matérias que ainda não tinham transitado em julgado. Inclusive, algumas vezes o Ver. Raul Carrion me dizia que tal coisa não podia ser votada, pois não tinha sido julgada ainda. Mas quero lembrar que esta Casa já votou várias vezes matérias dessa ordem sem elas terem transitado em julgado.

Portanto, venho a esta tribuna para pedir aos meus Pares que votem favoravelmente a essa matéria, em respeito ao direito de se manifestar, ao direito da livre imprensa, que é uma conquista dos povos, uma conquista da humanidade, que é uma conquista do estado democrático de direito, e o estado democrático de direito tem que conviver com as divergências. Evidentemente, o Governo do Estado não suporta conviver com a divergência. Aliás, acho um grande equívoco quando um Governo não sabe conviver com a divergência, porque sempre digo, desta tribuna, que a oposição cumpre um papel fundamental, como a imprensa livre, para corrigir muitos atos de administração pública que, às vezes, equivocadamente se sucedem. A imprensa cumpre esse papel, a oposição cumpre esse papel, a sociedade civil cumpre esse papel, a Ordem dos Advogados cumpre esse papel. Agora, sabemos como age o Governo do Estado, tirando verba de propaganda de determinados veículos se a propaganda fala mal; jornalistas que articulam contra posições do Governo são afastados, e agora o Jornalista Políbio Braga foi frontalmente atacado pela Direção do BANRISUL, inclusive com alguns processos na Justiça por ter-se manifestado de forma isenta, corajosa, por criticar o que achava que não estava certo no BANRISUL.

Por isso, peço que seja votada essa matéria procedente, para que esta Casa manifeste-se, pela sua inteireza, esse voto de solidariedade a esse grande e extraordinário e combativo jornalista, que é o Economista e Jornalista Políbio Braga. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 278/01.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essa é uma Moção de Solidariedade ao Jornalista Políbio Braga pela sua luta pela democracia e pela liberdade apesar das perseguições promovidas pelos detentores do poder, diga-se de passagem, do poder estadual do Rio Grande do Sul. Eu participei, há quinze dias, de um ato na OAB - Ordem dos Advogados do Brasil - onde se encontravam várias lideranças de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Fazia-se uma homenagem a uma série de jornalistas. Eu não vou nomear os jornalistas, mas, dentre os vários jornalistas de diferentes órgãos da comunicação social do Rio Grande do Sul, estava o Políbio Braga. Foi tirado um documento de coisas incríveis que estão acontecendo no Rio Grande do Sul, comprovados, com material, mostrando perseguições feitas pelo Governo do Estado, via publicidade, àqueles jornalistas que externam opiniões diferentes do interesse do Governo do Estado. É algo estarrecedor! Não vou nomear aqui os jornalistas, mas havia muitos conhecidos, como o Simões Pires, por exemplo, comprovadamente, porque batia no Governo. Podemos até discutir se ele se excedia nos ataques, mas é a liberdade de imprensa, e essa não poderia ter restrições. Temos dados, por exemplo, de determinados programas de rádio e de televisão que, quando um jornalista começa a bater no Governo – eu nem entro no mérito se procede ou não -, o Governo vai à direção dessa entidade, desse órgão e diz para eles: “Olha, se determinado fulano continuar falando e tal e tal, não há mais verba de publicidade”.

Esse é um dado sério no Rio Grande do Sul, coisa que nunca aconteceu. Eu me lembro de que, em governos passados, como, por exemplo, o Governo do ex-Governador Alceu Collares, quando determinados jornalistas batiam, inclementemente, nunca houve atitudes iguais às que estão acontecendo hoje no Rio Grande do Sul, sob o patrocínio do Governo do PT, ocorrendo que jornalistas estão perdendo o emprego. Isso é muito grave, e as provas estão aí, fatos que estão ocorrendo com vários jornalistas. Há vários comunicadores que nos trazem os dados e dizem: “Olha, não se pode mais atacar o Governo; se atacar o Governo, perde o emprego”. É um dado preocupante, é uma visão equivocada de administrar, porque eu penso que esse tempo nós vencemos, esse tempo do autoritarismo implantado pelo Governo do Estado nessa área. E há quem diga, por exemplo, que, nem na época da ditadura, ocorria o que está ocorrendo hoje contra determinados comunicadores que terminam perdendo o emprego.

Políbio Braga, por exemplo, é uma vítima desse processo, a ponto de ter abandonado o programa no ar; teve de deixar o programa, porque a pressão era muito grande. São fatos sobre os quais o Governo tem de repensar. Aliás, eu não sei se sobrará tempo para o Governo do Estado resgatar o que perdeu de fazer no sentido de providências, no sentido de recolocar o Estado no seu caminho; o fato é que nessa área temos visto equívocos lamentáveis.

Portanto, a nossa solidariedade ao Políbio Braga, esse valente comunicador que não se deixa dobrar quando tem que externar a sua opinião, o seu juízo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Ver.ª Helena Bonumá está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 278/01.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, este tema da Moção do Ver. Sebastião Melo é um tema muito caro a esta Câmara e, principalmente, àqueles que lutaram contra a ditadura militar, que lutaram pelo resgate da liberdade, da democracia no nosso País. Agora, a proposição do Vereador é extremamente equivocada e poderá colocar esta Casa em grande constrangimento. Em primeiro lugar, nós temos, sim, que aprofundar a discussão sobre a liberdade de imprensa, sobre a liberdade de comunicação, se nós queremos, efetivamente, garantir uma democracia para o nosso País.

Este tema, Ver. Elói Guimarães, que me antecedeu na tribuna, para nós é muito importante, porque nós não temos uma democracia consolidada, nós temos uma democracia formal. E, se nós não temos mais, hoje, as práticas do autoritarismo do tempo da ditadura militar, nós sabemos que, do ponto de vista da economia, do ponto de vista dos meios de comunicação, nós ainda vivemos uma concentração de poder bastante grande, nós ainda vivemos o autoritarismo, nós ainda vivemos a impunidade.

A primeira questão que eu quero levantar, aqui, é que nós não podemos confundir o fato concreto que esta Moção propõe, ou seja, um apoio ao Jornalista Políbio Braga porque foi processado por quatro dirigentes do BANRISUL, com esta discussão mais de fundo. Por que, Ver. Cassiá Carpes? Porque este processo está na Justiça, e com um processo tramitando na Justiça e esta Casa se posicionando, eu quero saber se os Vereadores têm conhecimento do conteúdo deste processo. Este processo é um processo de calúnia e difamação contra pessoas. O Jornalista não ofendeu o Governo do Estado. Não é um processo que o Governo do Estado esteja movendo. Ele não criticou as políticas do Governo do Estado, ele atentou contra a conduta de cidadãos no exercício das suas funções públicas. São processos individuais, portanto, movidos na defesa da sua honra, da sua dignidade no seu trabalho; são processos que dizem respeito à calunia e à difamação sobre essas pessoas, individualmente. Se esta Câmara se posicionar a favor num processo que está tramitando no Judiciário, e, amanhã ou depois, o Judiciário der razão a esses cidadãos, que foram ofendidos e que tiveram a sua conduta caluniada, como é que esta Casa vai ficar?

Eu acho que nós temos, sim, que aprofundar, aqui nesta tribuna, aqui nesta Casa, o debate sobre os meios de comunicação e a sua democratização, porque não pode um cidadão que tem liberdade - e nós também temos a obrigação de analisar deste ponto de vista -, que tenha um microfone, que tenha pena, caneta, coluna no jornal, que tenha o espaço, portanto, garantido nos meios de comunicação, usar esse espaço de uma forma absolutamente impune e arbitrária. A prática da democracia resguarda o direito de crítica, mas a prática da democracia também resguarda o direito da crítica à crítica; e a crítica tem que ser uma crítica responsável, a crítica tem que saber os seus limites, a crítica tem que estar aberta ao debate. Eu não posso, por ter um espaço garantido nos meios de comunicação, fazer, à revelia de qualquer processo social, à revelia de qualquer ação da sociedade ou dos governos, uma crítica, e que essa crítica fique impune. A democracia e a liberdade pressupõem uma via de duas mãos, e isso tem que ser garantido. Se nós vivemos uma situação nova no Rio Grande do Sul - e vivemos: é o primeiro governo popular da história do Rio Grande do Sul -, os veículos de comunicação não estão, na sua grande maioria, nessa perspectiva; os veículos de comunicação nós sabemos que são, em sua grande maioria, de grandes grupos, de emissoras, de veículos, enfim, de jornais, que, pela primeira vez, enfrentam concretamente a situação de estarem frente ao desenvolvimento de políticas a partir do governo popular. Isso gera um debate na sociedade, mas isso gera também uma nova situação, para nós fazermos a afirmação da luta que fizemos contra a ditadura militar, da democracia, da liberdade, mas agora em um outro patamar: tendo concretamente um governo que é um governo popular e que é um governo que tem as suas políticas discutidas pelo conjunto da população e debatidas pelos meios de comunicação também. Agora, esse processo, que tem que ser aprofundado no nosso Estado, é um processo; o processo da garantia dos meios de comunicação, da sua democratização, do seu controle público, é outro processo. Agora, isso que nós temos, aqui, senhores - nesse sentido, chamo a atenção da Câmara para o que estamos votando -, é estarmos votando um crime de calúnia e difamação contra quatro indivíduos, contra quatro cidadãos que tiveram, no exercício do seu trabalho, a sua atitude...

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O seu tempo acabou, Vereadora.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: Para encerrar, Vereador. Portanto, acho que esta Câmara pode ficar em um profundo constrangimento, de votar uma coisa que está na Justiça, que diz respeito a um crime de calúnia e difamação, e, amanhã ou depois, a Justiça dar razão aos que estão argüindo pelos seus direitos. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº 278/01.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, e aí eu ouvia aquele religioso defender intransigentemente o cumprimento dos Dez Mandamentos. Eu olhava o entusiasmo com que ele defendia os Dez Mandamentos e me convenci de que era preciso respeitar os Dez Mandamentos. Aí, eu o olhei, num dia em que ele não percebia que estava sendo olhado, e o vi pecar contra os Dez Mandamentos. Aí, eu me decepcionei! Assim é que eu vejo aqueles que vêm à tribuna e fazem discursos inflamados: “Liberdade de imprensa, direito de palavra!” E, quando a palavra é usada pelos seus opositores, eles pecam contra o seu discurso! Não é somente contra o Políbio Braga. E o Gilberto Simões Pires, e os outros, como o Hélio Gama, se não me engano, que estava, aqui, no comando da Gazeta Mercantil, e outros tantos jornalistas que foram agredidos pelas forças religiosas, que defendiam a liberdade de imprensa, a liberdade da palavra, a liberdade da oração? Esses são mais criminosos do que os outros. Querem dizer, como dizia a minha antecessora aqui na tribuna: “Ah, a ditadura militar!” Mas que ditadura coisa nenhuma! Todo o mundo sabia o que era aquilo: era um regime de força! Mas, agora, os que pregam a liberdade, o direito de falar, impedem outros de falarem contra eles! Ora religiosos, ora fariseus! Fariseus. Fariseus é o que eles são. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): Não havendo mais inscritos para encaminhar, estão encerrados os encaminhamentos.

Em votação, nominal, por solicitação do Ver. Sebastião Melo, o Requerimento nº 278/01.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.ª Presidenta, eu vou fazer um outro requerimento, anterior. Eu acho que não há quórum para votar esta matéria. Visualmente, pelo menos, não há dez Vereadores titulares para votar.

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): Sim, vamos fazer a chamada em votação nominal para verificar. (Após a chamada.) São 02 votos SIM e 05 votos NÃO.

Esta Presidência quer corrigir: presidindo os trabalhos, eu não poderia ter votado; portanto é menos 01 voto NÃO. Então são 02 votos SIM e 04 votos NÃO.

Com 02 votos SIM e 04 votos NÃO, nós não temos quórum para a votação da matéria. Ver. João Antonio Dib, eu recebo a orientação de que fica nula a votação e encerra-se a Reunião por falta de quórum.

Estão encerrados os trabalhos da presente Reunião Ordinária.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h33min.)

 

* * * * *